segunda-feira, 11 de outubro de 2010

fugiria.


Eu fugiria de você, como fugiria de mim. Fugiria para um lugar distante, muito distante. Moraria em um quarto de hotel, onde eu não conheceria ninguém, onde não teria apegos, rotinas ou amizades, seria apenas eu e eu. Eu viveria sem me preocupar com o amanhã, sem ter que dar satisfações a ninguém, viveria sem problemas, durante algum tempo. Eu comeria quando tivesse vontade, iria pra rua quando quisesse, falaria com as pessoas quando desejasse, mas nunca faria amizades; eu viveria isolada do mundo, sem celulares, televisores ou rádio, sem qualquer meio de comunicação, viveria somente comigo mesma. Com o tempo seria mais fácil, pois eu envelheceria e algumas pessoas que eu conhecia há um tempo já faleceriam, e tudo tornaria-se mais fácil. Eu iria me perder nos dias da semana e do mês, não iria saber quantos anos já teria, e quando faria aniversário, ou quando se comemorariam datas comemorativas. Eu me sentiria solitária, mas minha cabeça faria companhia ao meu coração, e eu envelheceria assim, absorta na minha própria cápsula, sem saber que idade eu teria e com o tempo que já passara eu esqueceria de você como esqueceria de mim, esqueceria do mundo ao meu redor, e viveria assim, sem apegos e sem amores, apenas com a solidão, sendo somente o fantasma do meu passado.

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